quaseà dois meses que não te escrevo. Admito que vivi num corrupio que o consegui arranjar tempo para mim. E só esta madrugada que antecede algo que me assusta e me tira o sono, ironicamente, encontrei tempo para te escrever. Para um café á porta de casa sozinha, para compor algumas mensagens para amigos, para ouvir música e um podcast.
A saúde é o nosso maior, ou dos maiores privilégios que temos na vida. Ela pode condicionar tudo. Aliás este ano de 2020 é isso mesmo, a figuração de como uma doença muda o mundo. E não, não estou (por agora) infectada com covid mas já há muito tempo que fisicamente não me sentia bem e ganhei coragem para ir ao médico. Chegaram os resultados das analises e apesar de leiga na matéria, os valores comparativos de alguns "itens" PARECEM-ME maus. Pus tudo em causa. Agora que tudo estava a alinhar-se. Que o trabalho que pedi ao Universo estava á porta mas que sem saúde será complicado de concretizar.
Mas como disse, parecem, pode não ser nada. Só amanhã, se conseguir consulta é que saberei.
No meio de todas estas confusões consegui ter quase duas semanas de férias numa aldeia desértica perto de Viseu. Só nós, a lareira, o rio e as caminhadas. Foi revigorante. Vimos a neve cair pela primeira vez. Tivemos longas conversas á lareira e longos silêncios reconfortantes. É declaradamente o homem da minha vida. <3
Saímos de lá ainda mais coesos. Vou deixar aqui algumas fotografias.
a aceitação do corpo ainda é um tema difícil para mim. Tem os seus dias. Há dias que me sinto uma princesa outras o sapo.
Balança muito se a balança diz 51 ou 52 kgs. Um quilo! É ridículo eu sei. Até já não me lembro da idade que tinha quando pesei tão pouco. Provavelmente uns 25 anos, não sei.
Acumularam-se rituais tóxicos, relações igualmente tóxicas que só me fizeram engordar e chegar aos 65 kgs (isto à cerca de 2 anos). O meu nervosismo era de tal ordem nessa fase da minha vida que desenvolvi uma doença auto-imune (urticária). Demorei, pelo que me recordo, um ano a a combater. Uma luta que meteu cortisona. Inchei, não me reconhecia. E só a afastar-me dessas crenças e relações entranhadas é que consegui, até hoje, vencer a doença e perder quase 15 kgs.
Mesmo assim ficou uma fraca auto-estima como "legado". E é contra ela que luto todos os dias. Nesta luta não existe mais ninguém a não ser eu mesma. Os outros até podem dizer que estou magra, que estou bonita, podem encher-me de palavras mas o que importa é como me sinto e como me vejo ao espelho.
Pouco importa se peso 51 ou 65, interessa sim como me sinto com isso. Pois não acredito nos estereótipos da sociedade que uma mulher bonita é magra, esquelética, por vezes. Acredito em mulher de bem com o seu corpo. Com a sua auto-imagem.
Acredito que tenho mais problemas agora ao espelho do que quando tinha 65 kgs.
e quando tens certezas... Elas são abaladas. O destino dá-te um abanão. Na sexta não comecei a trabalhar por razões que pouco importam. Mas o que importa é que não foi o medo e que as oportunidades de trabalho estão aí.
Estou com mais tempo, pois estou à espera de respostas, então tenho mil ideias de mil tempestades e bonanças. Riso. Como sou de ondas!
O Paulo acompanha tudo com fé e serenidade. A paz que encontrei nele e que ainda me é difícil encontrar em mim. Mas cá tento, da minha forma.
Amanhã tenho intenções de ir à missa. Não vou pedir. Vou agradecer. Pelo Paulo, pela minha irmã, pela Sofia, pela D. Fátima, pelos meus pais, pelo sol, por tudo. Por tudo o que me incendeia e ainda me faz vibrar. Não quero voltar à dor. À depressão.
Ainda existe festa dentro de mim, querido diário.
Tenho pensado muito na Dra Marta. Fantástica terapeuta. Mas eu acho que isto acontece com todas as minhas relações, seja qual o tipo for, apego-me e depois sinto-me triste quando percebo que a relação não é recíproca. Nunca mais soube dela. Não podemos ser amigas. Ou ela seguir o meu blog. Sinto que nunca acreditou verdadeiramente em mim. Não desceu aos meus demónios comigo, como dizia. É excelente. Não lhe tiro o mérito de me ter salvo. Só não ficou como pensei que ficaria. Seria justo também para ela? Acharia ela que era a altura de nossepararmos terapeuticamente? Nunca saberei.
Existem dias que são como murros no estômago. Hoje eu e o Paulo descemos das nuvens pois percebemos a realidade: não somos prefeitos! Nem como casal, nem como pessoas. Não existe perfeição e é aí que reside o encanto.
Sentamo-nos na cama, um pouco frustrados, com uma dose de medo de perder, mas falamos sem tabus. Sem muralhas. E foi aí que senti-me ainda mais perto dele. Resolvemos (pois tudo tem solução) e os "meus" olhos cor de mar voltaram a brilhar.
Percebi igualmente a importância dos erros passados e foi tão bom errar antes e não agora. Não cair no mesmo! Saber usar esses "descuidos" a meu favor.
Sou certamente uma mulher mais feliz desde que conheço o Paulo e, quanto mais o percorro, mais feliz sou. Mas não só pelo que acrescenta, mas pelo que me ensina. Não impõe. Não exige. E eu livremente cresço. Todos os dias me sinto mais mulher. Mais autêntica. Mais capaz.
E por falar em capaz, querido diário, mudei de trabalho. Começo na sexta-feira. Primeiro voltei a dramatizar. Depois percebi que na vida temos que facilitar. Relaxar. E deixar fluir. Esinto isso mesmo, entrei no modo "fluir". Seja como o Universo quer que seja. Cabe-me dar o meu melhor, de resto, não poderei fazer mais nada. Por isso porquê sofrer? Porquê? Para quê? Relaxar, é a palavra de hoje.
sem dúvida o amor resgata-nos. Seja qual o tipo de amor que for!
A madrugada de sexta foi terrível para mim. Desci ao lado mais negro de mim, raspei as paredes, berrei a Deus! Pedi a morte em silêncio enquanto ele me olhava com ternura.
Não encontro uma resposta. Ou melhor, existem várias hipóteses que não estou preparada para partilhar! A verdade é que o Paulo esteve ao meu lado até eu cair exausta e de lágrimas no rosto.
Sermos vulneráveis ao pé de quem amamos é um ato de coragem. Não tenham dúvidas. Mas ser vulnerável ao lado dele, quase, pela primeira vez. Deixou-me insegura. Absolutamente perdida por um sábado que passei a curar a dor. Passei-o a dormir ao lado dele, quando não era esse o combinado. Mas mais uma vez a sua inteligência emocional fê-lo ficar a contemplar-me enquanto dormia da dor.
Quando finalmente repus energias só tive vontade de o tocar e sentir. Um fervor que não sei de onde veio mas que sarou qualquer ferida que eu tinha. Um amor milenar, como já referi.
Ele é a minha pessoa, estou em casa. Dia 1000000000000♥️✨
isto de ser “o diário de uma mulher feliz” engloba também estes dias. Dias em que o sol brilha lá fora, aquece-nos e quase nos derrete mas por dentro está um nadinha desarrumado.
Estar desarrumado não significa que não seja feliz, estar um pouco desorganizado diz-me que já esteve organizado e por um espaço pequeno de tempo eu o arrumarei.
Ser feliz dá trabalho. Aliás, na minha opinião dá mais trabalho que ser triste. Eu já fui integralmente triste, já atravessei poços escuros de depressões (acho que me dá o direito de falar).
Estar deitada a chorar desgasta mas estar de pé, roupa engomada e olhar para a frente custa tão mais quando o coração quer voltar para aquela horizontalidade.
Ter a percepção destes dois mundos que vivem dentro de mim é um domínio imenso é incrível que adquiri á pouco tempo. Saber que estar triste não é o estado em que vou ficar , mas uma transição, alenta-me.
Hoje não estou triste, estou ansiosa. O calor, situações familiares e uma noite mal dormida. Um cocktail para umas horas mais complicadas. Como sempre recorri á meditação para acalmar o peito e obviamente, que ajuda. O Paulo também é um querido e a minha “Rocha”. Ouve-me, melhor, escuta-me. Estas semanas que estamos a passar juntos têm sido, como já verbalizei, muito importantes para o nosso crescimento enquanto casal. Enquanto equipa, como brincamos por vezes. Ele é lindo. E um dos alicerces!
por vezes temos que ver de longe para entender. Perceber que quando nos atacam estão na verdade a atacar-se. E o que há a fazer? Resguardar-nos e cuidar do nosso centro para não descentrar.
O que nos apontam, muitas vezes não está em nós, está nos outros. Somos um género de espelho. Cabe-nos não alimentar. E o problema desta vez foi que alimentei e ao fazê-lo feri-me e feri os outros.
Já pedi perdão e disse que amava. Mas só o tempo resolve.
Querido diário, sou de alguma forma, de igual modo, abencoada. Ontem conheci uma mulher incrível. Sem querer vomitei as minhas angústias e medos. Mais uma vez fui vulnerável. E é essa vulnerabilidade que me esta a fazer crescer. Tomar consciência de quem sou e para onde quero ir.
é a segunda vez que te falo hoje. Mas que dia ambíguo! Acordei cansada, mas com tanto amor no coração. Acabei o dia exausta e com o coração inseguro. Sim uma mulher feliz também pode vacilar. Não há mal em ser vulnerável. Só os fortes são capazes.
Hoje as roupas não serviam o meu corpo. Era eu quem servia as roupas. Olhava-me e via-me disforme. Que pecado! Como a minha terapeuta verbalizou "Não andamos para trás, no máximo estagnamos". E foi isso mesmo, estagnei hoje. Sobrevivi. Em vez de deixar o sol bater-me nas sardas. Vesti a roupa mais larga que tenho, com medo das minhas formas. São tão belas, eu sei. Foi preciso falar contigo, meu querido, para me sentir aliviada. És o meu novo amigo e espero que estejam a gostar de nos ler.
A aceitação do corpo na vida é um processo diferente para todas as pessoas. Para mim é um espaço de tempo que dura desde sempre. Agora, aos 32 anos estou perto de me sentir mais plena. Mais feliz.
O amor que sinto que o meu namorado tem comigo, como espelho, ajuda e muito. A aceitação do outro não deve ditar a nossa vida, mas é tão bom quando alguém nos aceita como somos. Com as nossas imperfeições. Com as nossas particularidades. E mais. Quando com o passar dos dias parecem cada vez mais apaixonados pela nossa luz, que vêem através de uma sombra. Que já falei, cá está e estará, mas é cada vez mais dominada.
Quanto mais falo contigo meu querido diário, melhor me sinto. Estou a ouvir uma música cantada pelo Salvador Sobral e o António Zambujo - "Só um beijo". É uma óptima forma de ainda hoje voltar ao meu centro. Pois há dentro de nós sempre um lugar de salvação. Onde somos pais, irmãos, amigos de nós próprios. E sem "pena" de nós próprios cuidamos da nossa essência.
vou falar-te de amor. O amor que tenho em mim. O amor que sinto numa relação. Tive inúmeras mortes e renascimentos. Amei intensamente algumas pessoas. Mas como te contei ontem, procurava as coisas "erradas". Procurava aprovação, reconhecimento, atenção. E do outro lado procuravam mudar a minha essência.
Hoje estou mais alerta. Abri-me ao amor de novo, mas já com um maior amor-próprio. Um maior autoconhecimento. Um recorrer à bagagem de uma forma construtiva e não destrutiva.
Sinto-me capaz de amar o mundo. De perdoa-lo. Aceita-lo. Não o negar. Entrego o que sou, sem medo, mas com cautela. As cicatrizes deixam marcas. Sabes querido diário, elas, mal geridas dentro de mim, podem boicotar o meu presente e por consequência o meu futuro.
Abro-me totalmente ao amor, querido diário. Dou e sou retribuída na mesma medida. Sem falsas promessas, sem pressa. Abraço as sombras do outro, desço com ele ao fundo e seguimos na luz.